loading . . . Fornecedor do Comando Vermelho: saiba quem é o dono de clube de tiro preso por venda de material bélico Tido como um empresário exemplar em Americana, no interior de São Paulo, Eduardo Bazzana foi preso por vender armas e munições para a facção fluminense Dono de uma empresa familiar onde trabalhava com a mulher e o filho. Presidente de um clube de tiro frequentado pela elite da cidade, como médicos, advogados e políticos. Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) com certificado válido pelo Exército. Até a última semana, Eduardo Bazzana, de 68 anos, era tido como um empresário respeitado de Americana, cidade de 237 mil habitantes no interior de São Paulo. Uma operação policial, contudo, revelou sua outra faceta, a de fornecedor de armas e munições para a facção Comando Vermelho. Ele foi preso na terça-feira (13).
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Ação: Polícia Civil e MP do Rio prendem dez e aprendem 240 armas e 43 mil munições em operação contra Comando Vermelho
A operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério Público do Rio cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao empresário. Além da residência, buscas foram feitas em outro imóvel no condomínio onde mora, na loja e na sede do clube de tiro.
Bazzana é proprietário e presidente do Clube Americanense de Tiro. É dono também da PHVB Armas. Ambos são devidamente registrados no Exército Brasileiro.
Seu clube de tiro tem mais de 7 mil associados de todo o estado de São Paulo. Cobra dos filiados uma taxa anual de R$ 750. Já sediou um campeonato sul-americano de tiros e é usado por policiais civis e militares para treinos. Em seu site, gaba-se de ter vagas para cem veículos, restaurante, quiosque com redes e de ser um dos poucos do Brasil com estrutura para atletas portadores de necessidades especiais.
Segundo as investigações, Bazzana é fornecedor de armas e munições de um braço do Comando Vermelho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com atuação na logística do tráfico de drogas e armas também nas comunidades da Muzema, Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Penha.
Em uma ação conjunta com o MP do Rio, a investigação do 60ª DP (Campos Elísios), sediada na Baixada Fluminense, apreendeu na última terça-feira 43 mil balas e 240 armas, sendo 16 fuzis e 20 pistolas em uma mansão na Barra da Tijuca. Foram presos dez suspeitos de abastecer os paióis do Comando Vermelho, locais onde o crime guarda suas armas, de lavagem de dinheiro.
A investigação começou com três prisões em flagrante, no início de 2023, em uma favela em Duque de Caxias. Durante a ação, a polícia encontrou um caderno com números de telefone e pediu autorização judicial para monitorar trocas de mensagens e ligações dos usuários dos celulares. Em um ano e meio, os investigadores destrincharam um esquema milionário de compras de armamento e drogas da facção. O Ministério Público pediu a prisão de 20 denunciados.
Planilha encontrada pela polícia mostra nome de Bazzana como fornecedor de armas
Reprodução
O sobrenome Bazzana aparece em uma planilha obtida com a quebra de sigilo telemático de um dos criminosos, ao lado de outros fornecedores de material bélico. De acordo com a polícia, ele recebeu R$ 1,6 milhão da venda de carregadores e munições a um chefe do Comando Vermelho e pessoas ligadas a ele em um período de 40 dias. Entre os itens negociados, havia pentes de AR 10 e AR 15 e munições de AK 47 e 7.62.
A polícia descarta a possibilidade de Bazzana ter sido enganado pela facção durante as vendas. “Ainda que se admitisse a hipótese de o Comando Vermelho utilizar pessoas idôneas para a compra legal de material bélico, de forma a inocentar Eduardo Bazzana, verificou-se que não é o caso dos autos, posto que o mesmo, além de acolher depósitos em espécie, ainda realiza transferências para pessoas diretamente relacionadas ao tráfico de drogas”, diz trecho do relatório da investigação.
Os relatórios de inteligência financeira (RIFs), produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostram que Bazanna enviou R$ 49 mil em três transações para a conta de um investigado que lava dinheiro do tráfico. Bazzana também recebeu R$ 94 mil de um foragido do Estado do Rio de Janeiro por homicídio. O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Bazzana por associação para o tráfico e por comércio ilegal de armas de fogo.
A defesa de Bazzana afirma que ele é inocente. Rogério Dini, advogado do investigado, afirma que "a prisão preventiva é ilegal" e que pediu a revogação em primeira instância. "A inocência do senhor Eduardo Bazzana vai ser mantida durante o curso do processo e, ao final, vai ser resolvido mantendo a reputação ilibada dele".
O Exército Brasileiro informou Bazzana possui Certificado de Registro (CR) válido, “que é o documento comprobatório do ato administrativo que efetiva o registro da pessoa física ou jurídica no Exército para autorização do exercício de atividades com Produtos Controlados pelo Exército (PCE)”.
O órgão diz ainda que o Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados do Comando da 2ª Região Militar (SFPC/2), localizado em São Paulo, “aguarda comunicação oficial, por parte dos órgãos encarregados da operação policial em questão, para que sejam tomadas as providências necessárias para apuração do ocorrido, à luz da legislação que regula o trato com PCE”. http://dlvr.it/TKzr5f