loading . . . Terceira vítima de intoxicação por metanol em SP é velada nesta terça A terceira pessoa que morreu por suspeita de consumo de bebida adulterada com metanol é velada desde a madrugada desta terça-feira (30) e sepultada nesta manhã. O advogado Marcelo Macedo Lombardi, de 45 anos, morreu no último domingo (28) em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, após ingerir bebida alcoólica, e será sepultado no Cemitério da Vila Pauliceia, em São Bernardo do Campo, às 10h.
Leia mais: Veja tudo que se sabe sobre a onda de intoxicação por metanol em São Paulo
O advogado morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos e, no atestado de óbito, a causa da morte foi intoxicação por metanol. Em entrevista à TV Globo, a irmã e sócia do advogado, Fernanda Lombardi, contou que como foi tudo muito rápido, a família não conseguiu saber detalhes de como ou onde ele ingeriu a bebida.
— Quando foi diagnosticada a intoxicação por metanol, ele já estava desorientado. E não tivemos como saber nenhuma informação dele. Logo cedo, no sábado, ele acordou e estava sem a visão. Ele só estava vendo um clarão. Foi levado para o hospital com a esposa e a minha mãe. Só que o quadro foi se agravando gradativamente — falou.
Além dele, outras duas pessoas morreram por intoxicação por metanol neste mês. O primeiro foi um homem de 54 anos, morador da capital, que morreu em 9 de setembro. Depois, outro homem, de 58 anos, morador de São Bernardo do Campo, morreu no dia 24 de setembro.
Outros sete casos seguem em investigação no estado de São Paulo e são apurados tanto pela Secretaria Estadual de Saúde quanto pela Polícia Civil, já que adulteração de bebidas é crime. Desde o início de 2025, foram registrados 14 casos suspeitos no estado de São Paulo. Dez deles foram registrados em setembro, o que reforça a hipótese de que as contaminações são recentes.
Há vítimas de intoxicação pela substância que estão internadas em estado grave, como é o caso de Rafael Martins, de 27 anos, morador da Zona Sul de São Paulo. Ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) há quase um mês, em coma, e perdeu a visão, e começou a passar mal após ingerir gin comprado em uma adega perto de sua casa.
A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, também está internada há dez dias em decorrência da ingestão de metanol, mas nesta segunda (29) deixou a UTI. Ela começou a apresentar sintomas da intoxicação um dia após ingerir três caipirinhas feitas com vodka em um bar nos Jardins. Ela também perdeu a visão.
Quais são os tipos de bebidas envolvidos?
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a ingestão de metanol se deu em cenas sociais de consumo alcoólico, com diferentes tipos de bebidas. As investigações indicam que as vítimas ingeriram bebidas como gin, uísque, vodca, entre outras, compradas em bares e adegas.
De onde vem o metanol?
O metanol (CH₃OH) é uma substância incolor e com cheiro semelhante ao do álcool comum, o que a torna difícil de ser identificada em bebidas. A Polícia Civil investiga a origem da contaminação, e uma das teorias levantadas pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) sugere que a facção criminosa PCC pode estar envolvida. A ABCF acredita que a facção estaria revendendo metanol apreendido em uma operação policial para destilarias clandestinas.
Como age o metanol no organismo?
O álcool é metabolizado no fígado. No caso do metanol, esse metabolismo gera subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.
A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Assim como ocorre com o álcool etílico (etanol), quanto menos a pessoa pesa, mais pode ser afetada por uma determinada quantidade. Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer.
Como o consumidor pode se proteger?
É quase impossível que o consumidor perceba se uma bebida foi adulterada com metanol, segundo médicos ouvidos pelo GLOBO. Mas o Procon-SP e as autoridades de saúde orientam os consumidores a tomar algumas medidas de precaução:
Desconfiar de preços muito baixos que podem ser um sinal de produtos adulterados.
Verificar a embalagem: observe se o lacre ou a tampa estão tortos, se o rótulo está desalinhado, se há erros de ortografia ou se faltam informações obrigatórias como CNPJ, endereço e número do lote.
Não provar ou cheirar a bebida se notar algo de errado.
Sempre exigir a nota fiscal para ter uma garantia da origem do produto.
O que fazer em caso de intoxicação?
Os sintomas podem incluir visão turva, dores de cabeça intensas, náusea, tontura ou confusão mental. Se houver qualquer sintoma suspeito após o consumo de uma bebida, a orientação é procurar atendimento médico de emergência imediatamente. A vítima ou seus acompanhantes devem comunicar as autoridades competentes, como o Procon (órgão de defesa do consumidor), a Vigilância Sanitária local, a Polícia Civil ou o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001).
A intoxicação por metanol tem tratamento?
Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houver suspeita de intoxicação. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.
Alguns casos podem ser tratados com álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas a aplicação deve ser feita rapidamente. https://sem-paywall.com/http%3A%2F%2Fdlvr.it%2FTNNCfr