loading . . . Infância em São Gonçalo, bullying e pai ex-alcoólatra: a vida de Gabriela Loran, de 'Três Graças', até o sucesso “Quero ser protagonista de uma novela das 9”, profetizou Gabriela Loran em uma entrevista de outubro de 2022. Aguinaldo Silva ouviu as preces da atriz e lhe entregou Viviane, que não é a protagonista, mas roubou a cena e virou um dos grandes destaques de “Três Graças”. Aos 32 anos, ela sempre soube quem era e aonde queria chegar, uma convicção que acompanha a menina criada em um bairro humilde de São Gonçalo desde os primeiros anos de vida.
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“Sempre fui uma criança muito artística e esperançosa. Tinha uma imaginação muito fértil. E foi essa imaginação que me salvou de muita coisa. Pratico muito a lei da atração: quando eu boto na minha cabeça uma coisa, eu já moldo exatamente como vai acontecer”, afirmou a atriz em outra ocasião.
Gabriela Loran, de 'Três Graças', teve Roberta Close como referência e ajuda de ex-BBB para transição
A atriz Gabriela Loran na infância
Reprodução/Instagram
A infância e relação com os pais
Filha de um motorista de ônibus e de uma ex-funcionária de supermercado, Gabriela viveu uma infância semelhante à de muitas crianças LGBTQIA+: enfrentou bullying na escola e resistência dentro de casa.
“O banheiro foi a minha válvula de escape muitas vezes. Era lá que eu chorava, ajoelhava e falava: ‘Deus, por que você me fez diferente?’”, contou, ao podcast QueenCast.
Paradoxalmente, era no mesmo banheiro que a pequena Gabriela encontrava espaço para a arte: colocava uma toalha na cabeça e cantava diante do espelho. Momentos de alívio também surgiam nas visitas à casa da tia, onde podia brincar de bonecas com as primas.
“Minha tia via que eu era diferente e não me julgava. Já meu pai tinha problemas com álcool, se transformava quando bebia. Ele sempre foi um pai maravilhoso, mas quando bebia, era quase como uma questão espiritual, e por isso eu nunca tive ódio dele, porque eu sabia que não era ele ali”, relatou a atriz, que tem duas irmãs.
Hoje, pai e filha vivem uma relação de parceria e acolhimento. “Ele foi o primeiro a me chamar de filha, a me respeitar depois da minha transição. Ele me liga quase todos os dias para perguntar se eu estou bem, se estou precisando de alguma coisa”, contou, orgulhosa, no YouTube.
Gabriela Loran com o pai
Reprodução/Instagram
A mãe demorou um pouco mais para compreender a transição da filha, por medo e proteção.
“A primeira vez que meus pais viram que eu sou uma mulher trans foi na minha formatura. Fui ensinando a eles na medida do possível. Minha mãe se inspirou em mim na faculdade e se formou em Direito, com mais de 50 anos. É muito bonito saber que eu construí essa história com meus pais. Eu tive muita paciência, mas eles me ajudaram a me construir como mulher. Quando erravam meu pronome, me chamando de ‘ele’, eu ia corrigindo. Assim, fui modificando os dois: com carinho e atenção”, disse ao canal.
Mãe de Gabriela Loran, Maria das Dores se formou em Direito
Reprodução/Instagram
Gabriela Loran criança, com a mãe
Reprodução/Instagram
Independência e transição
Gabriela iniciou sua transição de gênero em 2016, aos 23 anos, quando já morava sozinha. Deixou a casa dos pais aos 19 para perseguir o sonho de ser atriz. Foi morar na Tijuca e ingressou em Artes Cênicas na CAL graças ao Fies. Para se sustentar, trabalhou por três anos como garçonete em um restaurante localizado no mesmo shopping onde, certa vez, foi expulsa do banheiro feminino.
“Já fui humilhada muitas vezes, mas eu pego essa humilhação e a transformo em mais forças para vencer”, disse ela, que também se formou em Segurança do Trabalho e iniciou a faculdade de Psicologia.
A tão aguardada cirurgia de redesignação sexual foi realizada em janeiro do ano passado, na Tailândia. Ela precisou juntar R$ 117 mil para custear o procedimento. A primeira vez que soube que isso era possível foi quando, ainda criança, viu Roberta Close na TV.
“Foi a primeira vez que vi que eu poderia crescer e virar mulher. (...) Eu já tinha certeza de que faria [a cirurgia], mas não tinha dinheiro. Precisei juntar o valor, preparar meu corpo e minha mente”, contou no podcast.
Gabriela Loran é a Viviane, de "Três Graças"
Otávio Bruschi/Divulgação
O início da carreira artística
A carreira artística começou a decolar em 2018, após um período difícil, quando, já formada e atuando em uma peça, morava em um hostel em Santa Teresa e passava necessidade e fome. Vendeu roupas usadas na rua e fez tranças na praia para conseguir dinheiro para comer. Até que surgiu um teste para “Malhação”. Depois, veio o papel na novela “Cara e coragem” (2022) e uma participação em “Renascer” no ano passado.
Além dos trabalhos como atriz, passou a ganhar dinheiro com publicidade na internet. Gabriela construiu uma casa para a família e comprou um automóvel adaptado para o pai, que tem uma limitação nas pernas por conta de um acidente de carro.
Sempre que olha para trás e vê até onde chegou, ela se emociona:
“Não tenho problema nenhum com o meu passado. Sou muito grata ao Gabriel, por tudo o que ele viveu. Porque ele cedeu espaço para que a Gabriela florescesse”.
E vem florescendo cada vez mais. Com pouco mais de um mês no ar, a atriz coleciona elogios por conta da sua atuação e pelas recentes cenas com Pedro Noves, seu par romântico na novela. Feliz com o sucesso, ela tem repetido por aí nas entrevistas sua nova meta: “Quero ganhar um Oscar”.
Gabriela Loran com a mãe
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Gabriela Loran interpreta Viviane na novela "Três Graças"
Estevam Avellar/ Rede Globo/ Divulgação
Pedro Novaes e Gabriela Loran interpretam Leonardo e Viviane na novela 'Três Graças'
Reprodução/Instagram
A atriz Gabriela Loran interpreta Viviane em "Três Graças"
Roberto Filho/Divulgação
Leonardo (Pedro Novaes) e Viviane (Gabriela Loran) em 'Três Graças'
Reprodução/ Rede Globo http://dlvr.it/TPXd2m