loading . . . 'O pior cenário de fome está em curso na Faixa de Gaza': relatório alerta para mortes em massa iminentes A "pior situação de fome está em curso na Faixa de Gaza" devido à intensificação dos combates, aos deslocamentos em massa e às restrições à ajuda humanitária, alertou o relatório IPC (Classificação Integrada da Segurança Alimentar) publicado nesta terça-feira.
A crise humanitária no território palestino devastado por 22 meses de guerra "atingiu um ponto alarmante e letal", destacou o relatório, elaborado por ONGs, instituições e agências especializadas da ONU.
Mohammed al-Mutawaq, palestino de 18 meses com problemas de saúde e sinais de desnutrição, repousa em colchão no campo de refugiados de Al-Shati, em Gaza, em 24 de julho de 2025
Omar al-Qattaa / AFP
O lançamento aéreo de mantimentos, recentemente autorizado por Israel, “não será suficiente para reverter a catástrofe humanitária”, alerta o documento, que observa que o uso de paraquedas para entrega de ajuda é mais caro, menos eficaz e mais perigoso do que os envios por via terrestre.
Em maio passado, o consórcio classificou 1,95 milhão de habitantes da Faixa de Gaza (93% da população total) em situação de “crise”, dos quais 925 mil enfrentavam uma condição de “emergência” e 244 mil viviam uma situação de “catástrofe”.
O relatório informa que uma nova análise dos números está em andamento.
“Mortes em massa”
Este alerta do IPC coincide com o momento em que a ONU advertiu contra o uso da fome como arma de guerra e com o aumento da pressão internacional sobre Israel para pôr fim ao bloqueio total imposto à Gaza desde março.
“Os dados mais recentes indicam que os limiares de fome foram atingidos (...) na maior parte da Faixa de Gaza”, segundo o relatório, que acrescenta: “uma em cada três pessoas passa vários dias sem comer absolutamente nada”.
“Mais de 20 mil crianças foram atendidas por desnutrição aguda entre abril e meados de julho, das quais mais de 3 mil sofrem de desnutrição severa. Hospitais relataram um aumento rápido nas mortes ligadas à fome entre crianças com menos de cinco anos, com pelo menos 16 mortes registradas desde 17 de julho”, acrescenta o documento.
“É necessária uma ação imediata e em larga escala para pôr fim às hostilidades e permitir o acesso humanitário sem restrições”, argumentou o consórcio. “Não agir agora implicará em mortes em massa em grande parte da Faixa de Gaza.”
O exército israelense anunciou no domingo uma pausa limitada em sua ofensiva na Faixa de Gaza, onde agências internacionais voltaram a distribuir ajuda humanitária pela primeira vez em meses.
No entanto, Israel manteve suas operações militares fora dos horários e das áreas cobertas pela “pausa tática” diária, das 10h às 20h (07h às 17h GMT).
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
A ação deixou 1.219 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.
Crianças palestinas imploram por comida em área de ajuda humanitária próxima a Khan Younis, na Faixa de Gaza, em 22 de julho de 2025
AFP
A ofensiva de retaliação israelense já provocou pelo menos 59.921 mortes na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas. Esses números são considerados confiáveis pela ONU. http://dlvr.it/TMB6kR