Muito mais do que cinema de horror, mas um cinema político - nascido no berço da Nova Hollywood. Uma captura da falência das políticas públicas e estatais dos EUA. Bom Halloween a todos!

Construção atmosférica do terror através do mito, pela presença mística da lenda urbana que paira as pessoas, a cidade e trás consigo os presságios da morte do analógico em meio ao medo do avanço digital.

Crianças com medo de monstros, e monstros que temem crianças. Um filme sobre sensibilidade, humanidade, sobre empatia num mundo de metas, rankings e avaliações. Medo do escuro, medo do amor. Monstros S.A e a masculinidade, do paterno à humanidade.

O terror irracional, medo do nada, de sons e barulhos o caminhar por corredores cercados pelo fantasma que se esconde mas nunca aparece. Daqueles curtas de se gelar a espinha.

Todo o tempo que nos resta.

Um cinema sobre registros, sobre gestos, conversas e vivências. Sem o artifício do apelo, mas a simplicidade da intimidade, do mundano transformado em um convite. Hang Sang-Soo e seu cinema de delicadezas.

Em um piscar de olhos, o cinema deslumbra séculos, gerações, momentos e milhões de anos em uma única unidade filmica, que fragmenta o tempo à sua própria sintese. Imagem e movimento, estética e linguagem. Um dos maiores filmes de todos os tempos.

A falência do indivíduo, uma consequência anacrônica e ciclica da obsessão e o olhar clínico de Kubrick sobre a obra de Vladimir Nabokov - um filme menor em sua carreira, mas ainda assim um grande filme.

Ryan Coogler enfim encontra uma conciliação entre temática e discurso, entre uma articulação mais dramática e o terror mais direto enquanto duas forças que precisam se alimentar uma da outra.

Petra Costa fica entre a investigação e o cinismo em novo documentário que pincela a história da política recente, novo filme consegue se levar entre o didatismo e a contradição.

James Gunn entende que o Superman não está à frente das contradições do mundo, mas faz parte de cada uma delas, que sua bondade não parte de uma predestinação, mas de uma escolha. Crítica completa:

"Você não pode nunca esquecer de onde você nasceu" "Então, como eles esperam que nós esqueçamos nossa terra?" Palestina Livre, custe o que custar.

O poder das imagens atropelado pela estética que sobrepõe a forma. Um dos filmes mais fracos da carreria de John Ford, imperfeito, belo e constantemente com pressa. boxd.it/ai42Av

A sociedade ocidental americana posta diante ao mundo e suas próprias contradições. Quase como um road-trip do western sobre distinção de classes. Toda a história do cinema em um único filme.

Alguns filmes são abençoados por existirem.

Aquilo que era de David Lynch, era dele e de mais ninguém, e isso é facilmente reconhecível.

O individualismo do sujeito perante às dores do mundo e seus interesses, cinema político e Stanley Kubrick no auge de seu comentário sobre a natureza fria da guerra. Uma porrada nauseante, mais uma pedrada do meu mano Kubrick.

Assim como uma grande ideia não constrói bons filmes, a forma entretanto exerce o seu papel para dar vida para aquilo que só existe em palavras. Forma e conteúdo, um plano mirabolante e sua execução, entretanto, distintos entre sí. Cinema e realidade, fantástico do início ao fim, filmaço!

O amor que nasce do acaso e da disparidade, duas ovelhas negras que encontram um no outro uma razão pra ser feliz, separados apenas por uma janela. Belíssimo.

Filmar a guerra com a mesma intransigência que ela mesma é concebida por natureza.

Documentário que coloca em voga a cena hardcore, emo e seus derivados sobre a pespectiva periférica e suburbana evoca as experiências da estrada, da paixão ao grito.

Minha lista com os meus filmes favoritos do David Lynch, agora que já reassisti todos e alguns que eu nunca tinha visto.

O filme mais nebuloso, sombrio e imageticamente nauseante da carreira do Lynch. Pondo a forma e o conteúdo em crise, o uso do dispositivo como uma construção de linguagem própria, imagem e som se distorcem em um filme de pulso imparável de 3 horas de projeção. Absurdo.

Creep 2 amplia o fator excentricidade do seu primeiro filme, mas consegue ir além da premissa e do ensaio dela pra uma abertura de diálogo sobre a natureza farsesca do cinema muito mais ampla.

Se em outras obras, o uso do dispositivo no estilo é muito calcado nas origens naturais do cinema, farsa e mentira, atmosfera e ambientação, 𝑪𝒓𝒆𝒆𝒑 acerta na excentricidade.

Entender a natureza semântica da violência e ao invés de aplicar soluções, escolher o cinismo. Faz parte do problema, assume-se o sadismo, mas jamais perde o pulso no discurso ou no debate.

Sátira da guerra, transformando a virilidade do homem patriota americano numa piada, caricatura de sí próprio que sobre o olhar do alto poder é visto como virtude, enquanto pra Kubrick, algo completamente estúpido.

Adam Wingard entendeu muito bem o conceito da adaptação, não como um mero artifício de fidelidade, mas transposição de linguagem e ambientalização, além do contexto.

Discutir sem enxergar a semântica do problema ao ponto de se tornar parte dessa problemática é apenas ser pedante em um filme onde muito se caleja entre o debate e o prazer pelo sofrimento. Michael Haneke nos coloca de frente para a alienação midiática sem entender que faz parte do problema.

Recorte entre telespectador e a tela, realidade e ficção, quando arte e o cinema invade nosso próprio cosmo, belo e assustador.

Cinema de reação, tanto de temática como de formato, mas que entende bem os seus valores na simplicidade e artesanato, ao mesmo tempo que soa experimental na forma que trabalha o dispositivo.

Um filme onde cada momento é precioso, cada plano nos conta uma nova história ou desvenda algum segredo, arte explode na tela, o cinema atravessa a tela. O filme perfeito, o cinema está aqui! Revisto no Cinema Downtown, relançamento em 4k.

Que falta faz, David Lynch.

Tinha um puta potencial de ser um filme cabuloso, premissa muito boa pra uma encenação tão pobre e uma falta de sensibilidade artística tamanha. Filme bem lamentável.

Mais do que um filme sobre ETs, Shyamalan floresce numa aventura caipiresca sobre 𝐚𝐪𝐮𝐢𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐨́𝐬 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐡𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐚𝐜𝐫𝐞𝐝𝐢𝐭𝐚𝐫. Acredite no cinema, acredite no inexplicável! Vale ressaltar a impecável trilha sonora tbm, uma das mais incríveis do cinema americano pós-anos 2000.

Trauma, disfuncionalidade familiar e a conformidade do mundano, transformada pela estranheza e mística maligna do cinema de David Lynch. Pertubador, não tão claro, mas nem de longe indiferente.

O fim de uma vida e o começo de uma nova, a relação entre passado e presente sobre a pespectiva melancólica característica do som do Deafheaven. Curta musical lindíssimo criado pro novo álbum da banda.

Dança muito gostosa entre o erotismo e o voyeur através do mistério de cada plano e composição.

Todas as possibilidades do inconsciente, todas as possibilidades de um sonho, todas as possibilidades da narrativa e do cinema enquanto extensão imagética do próprio imaginário. O melhor filme do Lynch, o maior comentário sobre indústria que o cinema americano já fez.

Premissa muito interessante com uma primeira metade muito boa que acaba sendo diluída pela segunda, que é péssima. Mas é um filme um pouco melhor do que eu me lembrava.

Premissa criativa, trama desenrolada a partir de conflitos de situações que sabem se esquematizar, aula de como se blocar um filme mesmo sobre as diretrizes de um found footage. Filmão.

89 anos do saudoso Zé do Caixão e seu legado pro cinema de gênero brasileiro, paixão e garra unidos pra transformar pesadelos em imagem. Não é um dos seus grandes filmes, mas essencial em todos os aspectos possíveis.

O lado mais humanista de David Lynch, multifacetado. Uma história sobre encontrar a beleza da alma humana nas coisas mais simples. Olhar para trás sobre novas pespectivas, a vida passa, os problemas passam, e passamos a encontrar ternura no trivial. Coisa linda demais.

O desvendar da morte, aberto a inúmeras interpretações. Artesanato e preservação, aliado ao desconhecido e surrealista. Foda!

Um dos mais belos e fortes curtas-metragem de David Lynch, o pesadelo familiar dos traumas e lar opressivo. Criando através das sombras e do isolamento dos espaços, uma opressão que vem tanto da parte paternal quanto maternal. De uma encenação incrível e imagens que encantam e aterrorizam.

Anora é conflitante entre o drama e a comédia, tem uma grande protagonista, e é quase brilhante em todo seu começo ao construir o sonho americano em volta de glamour. Mas é muito pobre em desconstruí-lo.

Ainda estou completamente encantada e maravilhada com Flow, um filme tão simples mas tão sensível, tão cheio de calor. Fala pouco, mas diz tanto, sobre essa coisa maravilhosa que é o cinema.

Medo inconsciente do futuro, materialização surrealista do pesadelo juvenil com artesanato. Tenebroso.