loading . . . Boom de dietas ricas em proteína impulsiona fabricantes de carnes e laticínios, mas pressiona gigantes de ultraprocessados Os produtores europeus de carnes, laticínios e aves estão em alta com o boom da tendência global por dietas ricas em proteína, enquanto grandes companhias de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas têm dificuldade em recuperar volumes de vendas.
Tendência: Marcas investem em cerveja zero para provar que bebida sem álcool tem graça
De tapioca com colágeno a ‘refri’ proteico: Novos produtos fit invadem as gôndolas
A britânica Cranswick, produtora de carnes, afirmou recentemente que suas linhas premium tiveram desempenho superior graças ao apetite crescente dos consumidores por proteína, enquanto a suíça Emmi, fabricante de laticínios, elevou suas projeções de vendas ao se beneficiar do movimento global em direção a uma “nutrição saudável, naturalidade e proteínas de alta qualidade”, com a categoria de alto teor proteico crescendo mais de 20% ao ano.
A Glanbia, produtora de nutrição com sede na Irlanda, também revisou para cima suas projeções, citando vendas de suplementos proteicos, lanches saudáveis e vitaminas tanto para atletas quanto para consumidores preocupados com saúde no dia a dia.
— Se você observar o desempenho da carne bovina, mesmo com a inflação bastante significativa no setor, os consumidores continuam demandando proteína —, disse o diretor comercial da Cranswick, Jim Brisby, em teleconferência com analistas no início deste ano: — A carne está de volta à tendência do ponto de vista da saúde.
As perspectivas otimistas dessas companhias menores contrastam com as recentes atualizações dos maiores fabricantes europeus de snacks, chocolates e bebidas alcoólicas, que enfrentam queda de volumes mesmo com a normalização da inflação de alimentos. Nos últimos seis meses, as ações da Nestlé caíram 14%, as da Heineken recuaram 17% e as da Diageo perderam 7,6%. Já a Glanbia subiu 40% e a Cranswick, 3,8%.
Depois da Pepsi: Agora Kraft Heinz anuncia o fim dos corantes artificiais em seus produtos
A crescente adoção de medicamentos contra obesidade é um “grande obstáculo” e “mais um desafio do que uma oportunidade” para companhias como Nestlé, a fabricante de chocolates Lindt, Heineken e a Diageo, dona da Smirnoff, como escreveram os estrategistas da Bloomberg Intelligence Laurent Douillet e Aditya Khanduja em relatório.
Embora empresas como a Nestlé tenham lançado novos produtos para atender a esse segmento crescente de consumidores — incluindo embalagens menores e maior teor de proteína —, o impacto nos lucros ainda é limitado, segundo os estrategistas. A rival menor Danone tem se saído melhor, ao apostar em categorias de laticínios como o iogurte Activia para impulsionar o crescimento.
Pelo menos 30% dos usuários de medicamentos GLP-1, como o Ozempic, reduziram o consumo de doces, snacks e bebidas alcoólicas durante e após o tratamento, mostrou recentemente uma pesquisa da Bloomberg Intelligence com 2.327 pacientes.
— Se uma grande parcela da receita dessas companhias enfrenta um obstáculo de 20% a 30% ao longo de cinco ou dez anos, será muito difícil compensar mesmo com novos produtos — disse Douillet em entrevista.
Initial plugin text
Os volumes de vendas caíram no segundo trimestre em empresas como Nestlé e Heineken. Em um sinal de mais fraqueza adiante, as estimativas de crescimento orgânico de vendas para companhias europeias de bens de consumo básicos em 2025 foram cortadas para 3,2%, ante 4,1% no início do ano.
A retração no consumo de ultraprocessados e bebidas alcoólicas não se limita aos usuários de remédios para emagrecimento: as gerações mais jovens, em geral, estão aderindo a estilos de vida mais saudáveis e sóbrios.
— O álcool está sob pressão porque os jovens bebem menos, enquanto os usuários de GLP-1 também reduzem o consumo —, disse o analista Jon Cox, da Kepler Cheuvreux.
— Uma mudança em direção a dietas baseadas em proteína, que já vinha acontecendo há alguns anos, está agora se acelerando —, acrescentou: — Isso tem um impacto enorme em certas categorias, principalmente laticínios e iogurtes, que há alguns anos estavam em declínio, mas agora estão em recuperação.
Saiba quem é: Nestlé tem seu terceiro CEO em menos de um ano
Essa tendência proteica é “um dos principais motores” para o crescimento da Emmi, disse a analista do Berenberg, Chiara Di Giammaria, acrescentando que as redes sociais tiveram papel fundamental em impulsionar essa febre da proteína. Dados da Ocado Group mostram que as buscas por alimentos ricos em proteína mais do que dobraram em 2025 em comparação ao ano anterior, enquanto o mercado europeu de proteína deve crescer para US$ 9,3 bilhões até 2033, contra aproximadamente US$ 5,7 bilhões em 2024, segundo a Renub Research.
Enquanto as grandes companhias de alimentos lutam para acompanhar essa mudança no comportamento do consumidor, as ações ligadas à proteína estão capturando o momento.
— Quando ocorrem essas grandes disrupções em um setor, sempre existe o problema de que as líderes reagem devagar, em comparação a empresas muito menores, mais empreendedoras, que conseguem lançar produtos rapidamente e responder às novas necessidades dos consumidores —, disse Douillet.
A Emmi lançou recentemente uma água proteica, acrescentou sabor morango à sua linha de substitutos de refeição e desenvolveu duas novas versões do seu Caffè Latte pronto para consumo com alto teor de proteína.
Separação: Kraft Heinz, gigante global de alimentos, vai se dividir em duas empresas
— A versatilidade dos laticínios nos permite desenvolver um amplo portfólio de produtos para atender a essa megatendência da proteína —, disse a porta-voz da empresa Simone Burgener.
Um Caminho Difícil pela Frente
Isso significa que as grandes empresas de alimentos e bebidas correm cada vez mais risco de perder sua reputação de investimentos defensivos, sem um novo ciclo de crescimento à vista.
— É muito difícil enxergar o que vai impulsionar o retorno do volume, com a penetração crescente dos remédios GLP-1, a menor demanda das novas gerações, a competição de startups e novas empresas nesse espaço —, disse Douillet.
Sem esse crescimento de volumes — e considerando a capacidade limitada de elevar preços diante da possibilidade de reação negativa dos consumidores —, a visão de Douillet para o médio e longo prazo é de receitas estagnadas ou em queda para essas companhias.
— Não há nada no médio prazo que permita ser realmente otimista — concluiu.
Initial plugin text http://dlvr.it/TMxLDq