hilda hilst bot
@hildahilstbot.bsky.social
📤 1786
📥 1
📝 2226
trechos das obras de hilda diariamente
@scvrfvvce.bsky.social
O verdugo deve se sentir muito sozinho, não? As noites devem ser compridas, será que ele não imagina que uma noite dessas vão matá-lo? Como serão os sonhos de um verdugo? Como será um verdugo quando come carne? Agora não existem mais verdugos. Não, agora somos todos verdugos.
about 10 hours ago
0
2
1
Distorço-me na massa de uma argila sem cor. Mil vezes me refaço e me recrio em dor. E pouso lentamente sob a testa fria os girassóis da mente.
about 16 hours ago
0
5
0
E era tanta a vontade de ver mais que uma névoa descia sobre mim. E o que eu queria ver, via jamais.
1 day ago
0
6
3
Pensa-me rio. Lavado e aquecido da tua carne.
1 day ago
0
9
1
(...) me diz que não quis dizer que eu lhe parecia velho, que nem pensou nisso quando perguntou se eu não me cansaria até o pequeno topo, digo que não me importo com esses luxos da idade, que aos vinte temos muitas certezas e depois só dúvidas.
1 day ago
0
3
1
As coisas não existem. A ideia, sim. A ideia é infinita igual ao sonho das crianças.
1 day ago
0
16
6
(...) eu teria amado Franz K, riríamos, leríamos (...) eu teria amado Tausk e teríamos nos matado juntos, tiro e forca, dois corpos mutilados, teus olhos, Tausk (...) toda tua perdição, nunca haveria respostas, nunca, anotaríamos em roxo nossas irrespondíveis perguntas (...)
2 days ago
0
2
1
Pensas comicidade no que é breve: paixão? Há de se diluir.
3 days ago
0
9
2
Que essa garra de ferro imensa que apunhala a palavra se afaste da boca dos poetas.
3 days ago
0
8
1
Os vegetais sentem dor, você sabia? Eu disse isso (...) Sabe o que ele fez? Ele enterrou o canivete na figueira e enquanto escorria uma gosma clara, ele dizia: existir é sentir dor, existir não é ficar ao sol, imóvel, é morrer e renascer a cada dia, é verter sangue (...)
3 days ago
0
11
5
(...) É uma besta o Franz. Continua nazista. Alisa velhíssimas revistas da segunda guerra e pelo jeito deve ter esporrado naquelas páginas porque estão todas engruvinhadas, páginas onde se vê o führer com o braçoilo esticado.
3 days ago
0
8
0
Este é um tempo de cegueira. Os homens não se veem. Sob as vestes um suor invisível toma corpo e na morte nosso corpo de medo é que floresce. Mortos nos vemos. Mortos amamos. E de olhos fechados uns espaços de luz rompem a treva. Meu pai: este é um tempo de treva.
3 days ago
0
8
1
Se poeta sou é porque sei também falar muito de amor suavemente. E sei como ninguém afagar a cabeça de um cão na madrugada.
4 days ago
0
9
4
Dentro de mim a promessa de amá-lo ainda que fosse na velha China, nos mares, dentro de algum avião. E quando ele me chamava eu toda vagotonia ia e vinha e pressentia o homem que me fugia de passaporte na mão.
4 days ago
0
4
0
E além da canção incontida do teu amor ausente, além da irrevelada amargura desta espera, existe sempre a terra desfazendo as vontades primeiras de Existir.
4 days ago
0
10
2
E deitei-me como quem sabe o Tempo e o vermelho: brevidade de um passo no passeio.
4 days ago
0
11
0
Ah, como cansa querer ser marginal todos os dias. Descansem, anjos meus. Tudo vem a tempo no seu tempo.
4 days ago
0
16
8
(...) vi uma trilha de fogo, e anjos dourados sobre negros cavalos (...) esmagavam cabeças de velhos, de crianças, de cordeiros, quando me viu soltou um urro e gritou: “aquele!” (...) um alvo do Criador, justo eu, que quando lhe ouço o nome enfio-me debaixo das camas (...)
5 days ago
0
3
1
Um coração minúsculo tentando escapar de si mesmo, dilatando-se à procura de puro entendimento (...)
5 days ago
0
15
3
Lembra-te de nós. Em azul.
5 days ago
0
10
4
(...) no descanso também sofro dessa angústia de ser, e no escuro uma noite ME PENSEI. E vi matéria vasta, e quando digo matéria já te penso pensando na matéria em que pensas. Não é como tu pensas. Tive certeza de que um outro igual a mim, um outro pleno, se faria ao meu lado.
6 days ago
0
15
5
Quero morrer, Simeona, melhor morrer do que saber o coração crivado de vespas, que jubilança me cabe se um sem-fim de paixões me fazem as tripas espremidas? Mas te corto em pedaços, te esfaqueio se contas a alguém que me encontraste assim (...)
6 days ago
0
5
1
Ainda ontem os homens colheram rosas que nasceram de nós.
6 days ago
0
13
1
E fiz de tudo… Fui autêntica, durante algum tempo. Fui inquietude e fragilidade (...) Pratiquei o esporte com violência e uma vez (trágica melancolia!) nadei com aparente desenvoltura (peito arfante e dilacerado) mil metros na butterfly… Fui amante, amiga, irmã (...)
7 days ago
0
2
0
Busquei a luz e o amor. Humana, atenta como quem busca a boca nos confins da sede.
7 days ago
0
7
2
O teu gesto de alegria nunca será para mim. O teu conflito noturno este sim pousará na minha face.
7 days ago
0
9
5
Não há mais nada que andar e nada para existir. Tudo o que fui não sou mais.
7 days ago
0
22
4
Verdade é o que tu me dizes: o amor, poeta, é alegria.
7 days ago
0
12
6
Marx meu amor, te amei tão História, Mao e Shu vocês também, que soerguido vital, que caminhadas que floração, que linguagem, e fui relendo, anotando, cintilantes esquemas, destrinchações, como se eu fosse jantar com a História logo mais, como se eu fosse meter com a História.
8 days ago
0
5
0
Quero sentar-me e ler mas o amigo me diz: o mundo não comporta tanta gente infeliz.
8 days ago
0
9
4
repenso a receita, é aquela mesma? rememoro: 38. tiro na têmpora. cabo de madrepérola. última e brilhosa visão estética. atenção: não tremer. os que têm Parkinson evitem essa última solução. eu não tenho Parkinson. tremo. mas raramente.
8 days ago
0
6
1
Não sentes então, numa soma final, que é mais dor do que alegria o existir?
8 days ago
1
19
9
(E se o homem na carne foi punido o verbo diz melhor do sofrimento.)
9 days ago
0
5
1
(...) e a cólera de saber que tudo me possui e ao mesmo tempo nada, que nada em mim é permanência, e tudo é permanência, vínculo, tudo se adere ao círculo, tudo é a mesma linha que se estende, tudo é tangente, tudo está colado a mim.
9 days ago
0
8
5
Cansa-me o amor porque é centelha e exige posse e pranto, sal e adeus.
9 days ago
0
31
14
Por isso quem sabe envolvi cada palavra na chama cor de laranja, pena então que os versos só consigam vigor e adequação quando enfim já para nada servem.
9 days ago
0
4
1
Não sabem que o amor não é amor e a natureza é um mito.
10 days ago
0
9
2
(...) Mas o mundo é do capeta, Hans, vamos escrever a quatro mãos uma história porneia, vamos inventar uma pornocracia, Brasil meu caro, vamos pombear os passos de Clódia e exaltar a terra dos pornógrafos, dos pulhas, dos velhacos, dos vis.
10 days ago
0
5
0
Voltam as seduções. Volta a minha própria cara seduzida pelo teu duplo rosto.
10 days ago
0
10
2
Em aflição, em amor eu te celebro e na tua mão fechada está o meu grito: o que esperaste da minha boca aberta.
10 days ago
0
10
1
E chamas de amor, Rute, o estar na mesma casa, comer na mesma mesa, e a consciência nada comprometida na mesma direção?
11 days ago
0
4
0
Aprende como nós a aceitar a vida, é bom tudo isso, olha, enche os pulmões, não é bom? Respira, vamos começar o teu dia, primeiro te levantas (...) te lavas, não convém andar como tu andas, é boa a água, faz prodígios, gargareja com ela, limpa a garganta e serás compreendido.
11 days ago
0
6
4
Então se aquietam de pura madrugada meus tigres de ferrugem. As garras recolhidas numa agonia de ser, tão indivisa como se mesmo a morte os excluísse.
11 days ago
0
8
1
Quero ser santa, quero morrer por amor a Jesus, quero que me castiguem se eu fizer coisas erradas, quero conseguir a salvação da minha alma.
11 days ago
0
8
0
(...) mas às vezes escavamos poços tão profundos, de água tão gelatinosa, que nos vem um medo de tal poço e de tal conhecer, ainda mais no fundo um presente culposo embrulhado em adagas, um fascinante e fatal sorvedouro se o desembrulhamos.
12 days ago
0
7
0
Dúplices e atentos lançamos nossos barcos no caminho dos ventos. E nas coisas efêmeras nos detemos.
12 days ago
0
9
2
Tão a meu lado te penso no entanto tão afastado como se a água ficasse a um dedo da minha boca e todo o deserto à volta me segurasse.
12 days ago
0
13
3
Se chegarem as gentes, diga que vivo o meu avesso.
12 days ago
0
13
4
(...) meus suavíssimos amigos, meus preclaros inimigos, meus amores, todos esses nos quais me perdi, todos esses a quem dei tudo, da planta dos pés às pontas tripartidas dos cabelos. Dei tudo de mim, dei toda a crueldade, todo o amor (...)
13 days ago
0
8
4
Devora-me, meu ódio-amor, sob o clarão cruel das despedidas.
13 days ago
0
16
1
Load more
feeds!
log in