Número de outubro! Reforma laboral, a extrema-direita e os grandes incêndios em Portugal, Israel e o genocídio, as responsabilidades e cumplicidades europeias, os 80 anos da ONU, a possível eleição de um socialista em Nova Iorque, como acabar com a chantagem da dívida… pt.mondediplo.com/2025/10

Tony Blair quer « dirigir Gaza», com um um governo provisório através do Tony Blair Institute for Global Change, sob a direção de Donald Trump, autodesignado presidente do futuro conselho de supervisão. Não é «filantropia», é transformar a devastação em mercado. Como fez em África. Em acesso livre.

Numa só década, o Sahel mudou completamente. Os golpes de Estado (Mali, Burquina-Faso, Níger), inicialmente apresentados como respostas temporárias à crise securitária, parecem ter instalado no poder, duradouramente, regimes autoritários. A onda jihadista é cada vez mais mortífera.

A crise climática e a meteorologia agravam o risco e os efeitos dos incêndios rurais, mas não são a sua única causa. Os diagnósticos repetem-se, mas faltam decisões políticas. A ausência do reconhecimento desse «outro» em que o rural tem sido transformado favorece lógicas mercantis, não direitos.

"No centro desta obra está a evidência de uma solidariedade entre diferentes movimentos de contestação: instituições universitárias, lutas anticoloniais nas ex-colónias, ativismo estudantil e resistência interna à ditadura. (…)"

A inflação atingiu duramente os trabalhadores alemães. Mas, desde o ano passado, os acordos salariais estão a conduzir a aumentos substanciais na Alemanha, particularmente acentuados no setor de serviços. Mesmo com a economia nacional em recessão e o desemprego a aumentar.

Raramente os discursos sobre a Europa «farol democrático» acossado pela vaga «populista» foram tão exaltados. E raramente a UE teve tantas derrotas diplomáticas, estratégicas e comercias. Os dirigentes, contra o interesse da população europeia, multiplicam os atos de subserviência em relação a Trump

Há décadas que a política externa portuguesa é feita de continuidades e crescente alinhamento com a da União Europeia. Favorecem o projeto colonial israelita e veda ao povo palestiniano a autodeterminação. Enquanto Israel prossegue o genocídio, Portugal e a União fogem às suas responsabilidades.

A vulnerabilização das condições de vida é um terreno fértil para a criação de bodes expiatórios. Os movimentos sociais e políticos anti-imigração não se resumem hoje à violência da extrema-direita na rua ou na Internet. São também visíveis na ação do Estado e nas escolhas mediáticas.

Deveríamos estar a acelerar a descarbonização e a discutir planos de estratégia industrial sustentável, mas várias entidades públicas e empresas privadas insistem na expansão da rede nacional de gás fóssil. Quais os riscos desta estratégia desatualizada para uma transição energética e ecológica?

Presidente marginalizado, primeiro-ministro de saída, população exasperada. Vai o poder francês insistir no plano de austeridade, extorquir assalariados, reformados e doentes para financiar as forças armadas e equilibrar as contas? Continuará o Estado a alimentar os lucros das grandes empresas?

"Os países árabes não vão socorrer Gaza. Nenhum deles deu início a qualquer iniciativa diplomática de envergadura para impedir a reocupação do enclave (…). Apesar do aterrador balanço humano (70 000 mortos, 70% dos quais são mulheres e crianças…) e de uma fome digna dos piores cercos medievais"

Número de setembro nas bancas e online! Todos os artigos em pt.mondediplo.com/2025/09/

A relação da etnografia com a realidade. A realidade dos sonhos e aspirações das classes populares, capazes de se materializar em projetos, em conquistas e em espaços de liberdade na evidência de que um outro mundo existe já em nesgas de luz que irrompem no desânimo dos tempos atuais.

Após a derrota dos nazis e seus colaboradores franceses, seria concebível que jornalistas de media que recomendaram a execução dos resistentes e a deportação dos judeus retomassem o seu trabalho como antes? A resposta foi negativa. À Libertação seguiu-se, portanto, um saneamento geral na profissão.

Está em curso um aceso debate: terão os gigantes da inteligência artificial transformado os seus utilizadores em servos condenados, como na Idade Média, a trabalhar de graça e a pagar a renda? Ou estão a aplicar à risca, com produtos sofisticados, as velhas receitas do capitalismo industrial?

A 1.ª edição das obras completas de Marx e Engels não é alemã, inglesa ou francesa. Surgiu no Japão, onde nasceu um dos maiores partidos comunistas do mundo. Ao longo dos anos, a formação abandonou a perspetiva socialista, mas a sua ambição de libertação nacional ainda suscita o mesmo incómodo.

O turismo de cruzeiros nunca esteve tão bem, com 34,6 milhões de passageiros em todo o mundo em 2024, ou seja, 9% mais do que no ano anterior e 16% mais do que em 2019. Ao embarcar num navio da MSC entre Veneza e Míconos, compreendem-se melhor os motivos deste sucesso comercial.

Passados 80 anos da destruição de Hiroxima e Nagasáqui por bombas atómicas dos Estados Unidos, as políticas de defesa assentes na dissuasão ganharam popularidade (Ucrânia, Médio Oriente…). Mas uma maioria inédita de Estados das Nações Unidas contestam a ideia de segurança apoiada no nuclear.

O «camelo da Arábia» suscita grande entusiasmo desportivo e interesse político dos monarcas da península, como os dos Emirados Árabes Unidos. As corridas de camelídeos, símbolo de autenticidade e muito populares, são exportadas e reforçam a comunicação de um regime com notórias ambições regionais.

Todos os números da edição portuguesa do Le Monde diplomatique, desde o primeiro, de abril de 1999, estão agora acessíveis online, em exclusivo para os assinantes. São mais de 26 anos, a que se acrescenta sempre o número do mês, com os artigos inéditos publicados online.

Aos 70 anos, completados neste mês de agosto, a bailarina e coreógrafa Olga Roriz faz uma reflexão teórica e pessoal apoiada em residências artísticas que se materializaram numa peça intimista e em diálogo com o público. «Que corpo é este agora? Que histórias restam para contar?»… Espetáculo a solo.

Washington financia grupos de oposição cubana de extrema-direita estabelecidos na Flórida. A profunda crise económica enfraquece Havana. Entre repressão governamental e instrumentalização, uma nova geração de contestatários no terreno procura uma saída política para a sua raiva. 66 anos de conflito.

O intelectual marxista Boris Kagarlitsky, figura de relevo da esquerda russa está preso por se ter oposto à guerra. Neste artigo, em coautoria com Alekseï Sakhnine, militante exilado em França, reflete sobre a ordem internacional e revela divisões no campo russo do poder que podem acentuar-se.

A luta das populações de Covas do Barroso contra a imposição de um projeto de mineração de lítio em terrenos privados e baldios defende um património e combate políticas de arrasamento que garantem lucros rápidos em nome de um suposto «desenvolvimento verde», mas não resolvem problemas estruturais.

Assine ou renove a sua assinatura e tenha acesso a todo o arquivo desde o primeiro número, de 1999. São já mais de 300 edições completas, mais de 850 mapas e infografias detalhados, mais de 3200 autores de referência, mais de 5300 imagens e obras de arte, mais de 8800 artigos completos.

Israel transformou Gaza num campo de concentração e prossegue a anexação da Cisjordânia. França acaba de anunciar, agora para setembro, o reconhecimento do Estado da Palestina. Será o 149.ª país a fazê-lo. O atraso deve-se muito ao poderoso conglomerado político-mediático que favorece Telavive.

Desde 2023, os franceses menores de 26 anos são reembolsados a 100% pela compra de preservativos de certas marcas. Em Portugal, a distribuição de preservativos é gratuita desde 2014 em centros de saúde, hospitais e outros locais, mas a sua utilização está a diminuir, sobretudo entre os jovens.

O rearmamento europeu acelera-se. Os compromissos com a Defesa assumidos com a Aliança Atlântica e a União Europeia por Luís Montenegro ameaçam o Estado social, os trabalhadores e o clima. A meta de 5% do PIB para despesas militares representa 88% do que se gasta hoje com saúde pública em Portugal.

Os discursos da imigração como ameaça crescem por via da ação política, repetição mediática e viralização digital. Para desviar a atenção da insegurança social neoliberal, reconfigurada em ressentimento identitário. Como responder às ansiedades populares e às dificuldades vividas pelos imigrantes?

«Fazer a pergunta certa», editorial de Benoît Bréville. Acesso livre. "Em 2017, Portugal tinha 400 000 estrangeiros e a extrema-direita era inexistente. Passados oito anos, acolhe perto de 1,6 milhões (15% da população total) e a extrema-direita impôs-se como a segunda força política no Parlamento."

Número de agosto nas bancas e online… e a partir de hoje com todo o arquivo desde o primeiro número, de 1999, acessível aos assinantes!

A indústria da inteligência artificial devora cada vez mais energia. É difícil quantificar a sua pegada de carbono: Silicon Valley não comunica os dados. Calcular um perigo nem sempre favorece a ação coletiva para o combater. Deve-se lutar pela transparência ou proibição das atividades prejudiciais?

A relação entre conhecimento e poder nunca foi simples. O primeiro é uma componente do segundo, enquanto as escolhas políticas e morais dos cientistas têm efeitos concretos nas nossas vidas. Por vezes positivos, por vezes negativos.

Desde 2017 que grupos armados fazem incursões em Cabo Delgado (Moçambique). Em maio mataram cerca de vinte soldados. Num contexto de pobreza generalizada, o governo da Frelimo, no poder desde a independência em 1975, tem dificuldade em afastar esta ameaça, apesar do apoio muito ativo do Ruanda.

Estrutura descentralizada, televisão pública preponderante, reticência histórica à personalização: os media alemães destoam no panorama europeu. Mas a polarização política está a abalar uma rotina jornalística que até agora refletia o consenso dos grandes partidos sociais-democratas e conservadores.

Após a vitória do Brexit e de Trump em 2016, a batalha dos governos liberais contra as «fake news» parte de um pressuposto: se as pessoas estivessem corretamente informadas, votariam bem (neles). Mas a contestação, mesmo delirante, do discurso dominante pode traduzir uma aspiração popular à mudança.

Desde há dois anos, vários livros relatam o erradamente chamado «conflito israelo-palestiniano». Uns recuperam a sua dimensão colonial e esclarecem os desafios da atual escalada. Outros apontam a cumplicidade ocidental na guerra em Gaza ou desconstroem a pouco provável «solução de dois Estados».

A «motosserra» austeritária do presidente restabeleceu os equilíbrios macroeconómicos da Argentina. O preço a pagar por esta política é uma contração do consumo e um maior endividamento do Estado, nomeadamente junto dos credores internacionais. Com que reflexos na frente da contestação social?

O ataque de Israel contra o Irão, que viola o direito internacional, é uma fuga para a frente permitida pela muito favorável relação de forças militar. Mas ultrajar a soberania iraniana a pretexto da rejeição que o regime dos mulás inspira à população não ajuda as aspirações expressas por este povo.

Um novo filme de Mike Leigh é sempre um acontecimento cinematográfico. Desta vez, em «Verdades Difíceis», as dores de Pansy fazem-nos entrar num universo de relações familiares e sociais marcadas por adversidades, num registo um pouco diferente do habitual. Mas não menos pungente, não menos urgente.

Desde 2018 que ocorre no Sistema Científico e Tecnológico Nacional uma reorientação estratégica para a Defesa e Forças Armadas, com a militarização da ciência e da indústria. O grande rearmamento europeu deu agora novo salto, substituindo a ciência para a paz por outra de duplo uso, civil e militar.

Restrições ao reagrupamento familiar, direito de asilo, obtenção da nacionalidade… A Finlândia está a rever o acolhimento de refugiados e estrangeiros com título de residência ou autorização de trabalho. Num país de abertura aos migrantes, a mudança reflete as contradições das sociedades nórdicas.

Que consequências terá para Donald Trump o apoio incondicional que está a dar ao governo de Israel e às guerras que este lança no Médio Oriente? É que a sua base de apoio constituiu-se com base noutras promessas, como a prioridade dada à política interna.

Desconfiança, desilusão, desesperança. (…) Muito antes da pobreza, do ódio ou da guerra se instalarem, vários poderes alimentaram uma máquina de corrosão da democracia. (…) A informação de que este é o lugar histórico a que nos trouxe o projeto neoliberal é conhecida. Sabemos, mas o que podemos?

Com a popularidade intacta, e após o fracasso de dois referendos organizados pela oposição (naturalização e direito do trabalho), Giorgia Meloni prossegue o seu programa, até dentro da União Europeia. Mas a posição que reivindica, entre UE e EUA, vai tornar-se mais difícil.

Hoje!

No país de Lenny Bruce, Johnny Carson e Jon Stewart, as piadas dos comediantes de stand-up perturbam há muito os caciques do Partido Republicano, mas o seu novo chefe adora provocações. Trump aprendeu depressa a privilegiar podcasts feitos por humoristas online, com grandes audiências.

Como se insere a universidade portuguesa no movimento de solidariedade com a Palestina? Nos estudantes há mobilização desligada do associativismo tradicional, mas alinhada com o direito internacional e as posições do BDS académico. Nas instituições, as posições são hesitantes e desconcertantes.

O Parlamento saído das legislativas pode ser aproveitado pelas direitas que sempre se opuseram ao regime constitucional de Abril para operar um retrocesso conservador e inigualitário. Serão as falhas da democracia usadas para impor uma ilusão de regeneração sem diversidade nem justiça social?